segunda-feira, 5 de abril de 2010

Como se desfazer de 500 gr de carne picada fora do prazo



Uma das razões pelas quais já na pré-história os filhos deixavam a casa dos pais, era para treinar o instinto de sobrevivência.

Ora bem, não que seja a primeira vez que saio de casa, ou sequer que cozinho, mas de qualquer das formas aqui fica a experiência...

Iniciei a minha tarefa doméstica com dois objectivos, o primeiro era livrar-me de 500 gr de carne picada, fora do prazo, que me custou a singela quantia de 2,20£, e o segundo era conseguir fazer render a "carne" para o máximo número de refeições.

O primeiro prato que resolvi fazer, e como andava com desejo de bringelas, foi uma espécie de lasanha, mas com massa fusili, com a tal carne picada e molho de tomate.

Primeiro, comecei por cozer a massa, a intenção era cozer a massa e fazer o refogado ao mesmo tempo, mas como os meios são escassos, tive de dividir o meu projecto em partes.

Comecei então por cozer a massa, coze, não coze, comecei a picar a cebola. Quando já chorava baba e ranho, então resolvi ver se a massa já estava cozida. Dito e feito.

Saltei então para a parte em que tinha de escorrer a massa, olhei para o passador que estava no escorredor e pensei...o trabalho que aquilo me vai dar a lavar, nem pensar! Mas heis que aparece uma alma inglesa caridosa, a oferecer gentilmente o seu passador. Agradeci com um sorriso amarelo a pensar que já tinha mais uma trabalho para fazer, a juntar à imensa obra a que me tinha proposto.

Escorrida a massa, lavada a panela, óleo do inglês para o refogado, começo a parte em que tinha de tratar das beringelas. Por sugestão da minha amiga Sofia Knapic, a beringela deveria ser a primeira coisa a ser cozinhada.

Juntei a beringela ao refogado, e lembro-me que se calhar a polpa de tomate deveria ter ido primeiro ao tacho. Não faz mal, no final acaba tudo misturado. Siga a polpa de tomate para dentro da panela, juntamente com a beringela e a cebola no óleo do inglês.

Começo então a tratar da carne, já sem muito cor, pálida como a carne inglesa que se vê na rua, deito mãos à obra mas para temperar a carne...apenas sal. Não faz mal, mais uma vez penso, no final vai estar misturada com a polpa de tomate, o refogado de cebola e a beringela, por isso algum sabor deverá ter.

Passo então a juntar a carne ao resto da mistura, e começo a pensar senão será carne demais...opto por deitar só uma parte.

À medida que vou mexendo, o cheiro que o refogado deita não é aquele cheiro tradicional de uma carne cozinhada. Começo a fazer contas de cabeça aos dias que deixei a carne no frigorífico...dois dias...o máximo que pode acontecer é ganhar um programa de emagrecimento facilitado.

Estendo então a massa pela travessa, deito depois a "molhenga" da carne com beringela e polpa de tomate e depois novamente um tapete de massa "fusili".

Segue-se o molho branco do Tesco...depois de todo bem distribuído, chego à conclusão que um frasco não é suficiente. Mas o forno já está quente e tenho impressão que há mais gente a querer usar a cozinha. Fico à espera do resultado.

Olho para o balcão, e vejo metade da carne ainda dentro da embalagem. Não é tarde nem é cedo, para o lixo não vai, vamos fazer outro prato.

Desta vez, sem querer perder tempo a cozer a massa, deito a água fervida na chaleira para dentro de uma taça, junto sal e depois a massa, e espero que faça efeito.

Enquanto isso, pico novamente uma cebola, e faço uso do óleo do inglês mais uma vez, para fazer o meu refogado.

Desta vez resolvi juntar pimentos, um legume que aprendi a gostar bastante no passado verão. Junto então pimento picado, ao refogado de cebola, não desta vez tendo primeiro deitado o resto que havia de polpa de tomate para o tacho.

Espero um bocado, vou mexendo o refogado, e então pego no resto da carne e deito para o tacho, continua a parece imensa quantidade de carne e deixo um resto na embalagem.

Enquanto a "misturaça" ganha vida no tacho, vou ver a massa...parece que ainda nem saiu da embalagem. Troco a água e espero mais um bocado.

A paciência esgota-se e deito uma boa parte da massa para dentro do tacho, e penso, isto aqui dentro vai de certeza cozer o resto.

Vou mexendo até achar que está finalmente bom. Desligo o forno eléctrico. E tiro um bocado para o prato, o cheiro é similar ao do outro prato, mas mesmo assim arrisco e..."voilá"!

"Não é por nada, mas estava muito bom!"

Desligo o forno, onde a outra travessa também já tinha cumprido a sua missão. E deixo arrefecer. Mais tarde passo o resto da massa que estava no tacho para um tupperware e faço mesmo com o que estava na travessa e congelador com os três tupperwares.

Proponho um novo objectivo, conseguir que aquele batalhão de comida dê para pelo menos 9 refeições...

Nota: Senão tem experiência suficiente, por favor não tente fazer o mesmo em casa.

2 comentários:

cindy disse...

lol grande plano de alimentação. no fim do mês contas-me se chega ou não para uma vida razoável...hehe

Sofia K. disse...

LOL

vês, eu bem sabia que ainda me ia rir a ler estas coisas... muito cómico e afinal fiquei cheia de vontade de provar destes pratos!

bom apetite e descansa que te vou mandando umas receitas fáceis

beijos