quinta-feira, 29 de abril de 2010

Algo Diferente - Coragem


Numa das minhas viagens pelos blogs, nestes dias que mal correm para a vida económica portuguesa, encontrei este poema de Almada Negreiros. Aqui fica.

terça-feira, 27 de abril de 2010

As couves


Hoje vamos falar de vegetais.

Quem me conhece bem, sabe que eu sou mais amiga de outro tipo de gastronomia. Mas como aqui não tenho quem me faça uma sopa, e optei por não comer acompanhamentos, de vez em quando lá tenho de ir às couves.

Desde do primeiro dia, que opto por dois tipos de "pratos" vegetais...digamos que prefiro não me expandir muito. Para além da habitual salada de alface, tomate e cebola temperada com azeite e vinagre e muitos oregãos outras das minhas verduras de eleição são o feijão verde, milho e as cenoura.

Por isso, assim que encontrei este agradável mix, não hesitei em levá-lo comigo para casa! Mas confesso que o feijão verde tem ficado à quem das minhas expectativas...não percebo porquê, mas sabe horrivelmente mal. Tão horrível que nem o consigo comer. E eu detesto andar a separar feijõezinhos. Mas gostava muito de perceber o porquê deste desagradável sabor.

Porque eu gosto mesmo muito de feijão verde - aliás a seguir à canja de galinha, a sopa de feijão verde é a minha preferida. Estou tentada a comprar um pacote só de feijão verde para ver se gosto. O pior é que nem há daqueles feijões verdes bebés que costumava comprar no pingo doce, para acompanhar com o meu peixe grelhado, só mesmo feijãozão verdão. Depois direi de minha justiça.

Nos entretantos, hoje, a seguir a mais um dia de lavoura, segui viagem até ao sainsburys. Precisava de comprar alface, fiambre, leite ...enfim, coisas básicas.

Normalmente tenho comprado sempre daquela alface simpatiquíssima, que vem já lavada e arranjada. Mas como não dura nada, hoje resolvi optar pela alface tradicional. E qual não é o meu espanto quando me apercebo que como quem num pingo doce ou num continente tenta comprar alface nacional, também aqui, em território britânico, é difícil encontrar um produto cá da terra.

Felizmente isso permitiu-me realizar a minha boa acção do dia. Contribuir para a economia de outro país. Decidi-me então por uma alface de um pequeno país, que fica na parte traseira da europa. Pois é, é isso que estão a pensar, acabei por comprar uma alface de Portugal. E juntei o útil ao agradável preparei uma agradável salada para mim, e ajudei a economia do nosso Portugal neste dia tão difícil.

Tem piada que não me lembro de ver alfaces com este formato à venda em Portugal...

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Há London Town, Há ir e voltar


Porque quando me lancei nesta aventura fui obrigada a deixar metade da minha roupa em Lisboa - na Ryanair só permitem uma singela mala de 15 quilos - pedi ao meu amigo Luís para quando fosse ao nosso Portugal, me trouxesse o resto dos meus trapitos.

Mas quando eu refiro metade, posso-vos garantir que era mesmo metade - outros 15 quilos, para ser mais precisa. Porque depois de muitos telefonemas, e de pensar e repensar no que podia deixar para trás, acabei por conseguir juntar cerca de 15 quilos, entre roupas e sapatos.

Marquei então a minha viagem para Londres para o fim-de-semana de 24-25 de Abri - 5 libretas de autocarro, ida e volta.
Mas entretanto, o vulcão islandês resolveu entrar em cena, e à medida que os dias iam passando a viagem do Luís ia sendo adiada. Faltava uma semana para eu regressar à minha Londres e o vulcão não parava de cuspir cinzas!!

Até que, finalmente o sol pôde brilhar, e a viagem do Luís para Londres ficava marcada para sexta-feira, dia 23. Precisamente o dia em que eu também chegaria à capital inglesa, com a diferença de que eu chegaria uma hora mais cedo.

Por isso, mesmo conseguindo distinguir bem os rastos dos aviões no céu, preferi, ainda assim, na sexta-feira, à hora de almoço, confirmar que o voo não iria ser cancelado - não fosse eu correr o risco de ficar a dormir debaixo da London Bridge.

Quando liguei ao Luís e ele me mostrou um saco que dizia ser um edredon - e que na realidade era a minha roupa dentro de um saco daqueles que se tira o ar com um aspirador - comecei a perceber que a viagem das minhas vestes não iria ser pacífica.

Assim, quando sai de casa para mais uma tarde de árduo trabalho, levei logo tudo o que precisava para a minha estadia em Londres, não muita coisa, visto que iria receber de presente 15 quilos de roupa.

A tarde demorou a passar, interrompida pelo meio com mais uma festa de despedida - tem sido todas as semanas, basta um estagiário ir à sua vidinha, e temos bolinhos para o lanche - e no final da jornada, ainda tive tempo de ir a um pub para mais uma "festa de despedida". Ir a um pub como quem, meia hora ou pouco mais, foi o tempo que estive lá dentro.

Tinha de estar 10 minutos antes na paragem de autocarro. Mas por tanto fixar a hora sem os 10 minutos, acabei por ir 20 minutos antes da hora exacta.

Pelo meio, telefonemas do Luís, a dizer que tinha de pagar mais 120 euros a mais pelo excesso de peso, e a perguntar o que é que eu queria deixar para trás.

Decisão difícil.

O meu telemóvel, não sei porquê, estava quase sem som no altifalante, então pouco conseguia ouvir do que o Luís dizia. Acabei por dizer que podia deixar para trás os ténis, uns sapatos, e o meu lendário casaco de cabedal castanho - pois é, temos de fazer opções na vida, é difícil mas tem de ser.

No entanto, ainda antes de entrar no autocarro, mando uma mensagem ao Luís a dizer para ele tentar passar com os ténis, os sapatos e o casaquinho, como bagagem de mão. Ao que ele me liga e diz que isso foi o que ele pôs na mala dele. Porque o outro monstrengo, dentro do saco de vácuo, simplesmente era muito pesado. Pânico!! Toda a minha roupa, que eu tanto precisava, ia afinal ficar em terra. Pedi, mais uma vez, ao Luís que tentasse passar com o trambolho como bagagem de mão. Mas ele não ficou muito convencido.

Entretanto, atrasado, lá chega o autocarro, quando olho à minha volta percebo que sou a única que não estou bronzeada e que não estive a cozinhar caril à hora do almoço.

Paciência, 5 libras, são 5 libras.

Até Londres, o autocarro fazia mais uma paragem. A meio do trajecto, o Luís liga-me a dizer que tinha passado. A mãe dele tinha insistido - bendita sejais senhora - e ele tinha acabado por tentar, e sem grandes entraves tinha conseguido. Em Leicester, que vim depois a saber que um 1/3 da sua população é asiática. Mais cheirinho a caril. Felizmente, adormeci rapidamente.

Chegada a Londres, fui conhecer as maravilhas da cozinha londrina. E num canto, refundido, na estação de Victoria, estava um pitoresco restaurante, com os empregados vestidos de castanho. Não pensei duas vezes. Ainda um bocado indecisa, resolvi escolher um menu, já nem me lembro bem do nome, Big qualquer coisa. Pedi molho salsa para as batatas mas não tinham, fiquei me pelo ketchup. O menu vinha também com coca-cola.

Já com a bucha no estômago, sigo para Kingston. Dois autocarros, 40 minutos não mais. Resultado, chego primeiro que o Luís. Na rua, inglesas descalças, com pouca roupa. Para não variar.

Uma voltinha aqui, outra voltinha ali...e pensei para mim, se calhar é melhor ir ajudar o Luís com as malas. E em vez de esperar aonde tinhamos combinado, acabei por ir espera-lo à paragem do autocarro que ele supostamente iria apanhar. Claro que estas coisas dão sempre mau resultado, e quando recebi um telefonema do Luís já ele estava em casa, e tinha conseguido carregar o telemóvel para perguntar aonde eu estava. Mais uma caminhada.

Finalmente em casa. A minha roupa, que felicidade! Não é possível descrever!! Oba Oba! A minha roupinha de verão, roupa do rugby, uma camisinha branca nova, até fiquei contente com o cêgripe!

No dia seguinte, uma voltinha por Kingston, deu para ver a Zara...e para me apaixonar por dez mil coisas, para ver a Gap, e desejar ganhar o euromilhões, and so on...

Fui depois tentar o impossível. Ganhar uma corzinha. Eu bem que me estendi no relvado de um dos muitos jardins. Rodeada por fantasminhas ingleses. Mas duas horas depois, parecia que o sol inglês ainda me tinha sugado mais a cor.

O dia passou sem mais sobressaltos.

No dia seguinte, 6h da manhã e já eu estava pé. Tinha um jogo de rugby em Loughborough às 2h. Ainda por cima era dia da Maratona de Londres, por isso mais valia não arriscar. Para variar, cheguei mais cedo do que o previsto. E fui novamente ao restaurante pitoresco. Mas de manhã só servem pequenos-almoços, e então resolvi experimentar um tradicional. Pão, salsicha (em forma de hamburguer), ovo estrelado e queijo. Dá para acreditar? Ao pequeno-almoço. Mas enfim, aquele restaurante pitoresco nunca me desilude.

E lá me pus eu a caminho. Desta vez com o autocarro meio vazio. Finalmente cheguei a Lufbra...meti a caminho para o campo para saber depois de 20 minutos à espera que não havia jogo.

Enfim, bastante cansativo, mas por fim, consegui o que queria, 15 quilos de vestes que dificilmente cabem todas na arrumação que tenho no meu pequeno quarto...

domingo, 18 de abril de 2010

Pequenos Episódios Que Me Vão Acontecendo Nesta Pacata Vida Que Levo Aqui Em Lufbra I

Abrimos hoje uma nova rubrica, para contar pequenos episódios que me vão acontecendo nesta pacata vida que levo aqui em Loughborough.

Daremos-lhe o nome de Pequenos Episódios Que Me Vão Acontecendo Nesta Pacata Vida Que Levo Aqui Em Lufbra


Nesta nova fase da minha vida, comecei a fazer uma coisa que gosto bastante. Lavar a roupa. Não no verdadeiro sentido da palavra, obviamente, pois há uma máquina que o faz por mim.

É óptimo porque não temos que ficar à espera que as coisas sejam lavadas, porque somos nós que temos o poder para pôr as coisas a lavar. Não é preciso que o tempo fique melhor ou que haja roupa de determinada cor. Não! Lavar roupa é quando uma mulher quiser!!

Pois é, mas a minha máquina é brincalhona. Gosta de jogar às escondidas. Passo a explicar.
Eu, apesar de poder lavar a roupa quando quiser e bem me apetecer, costumo lavar a roupa ao fim de semana. Dividindo em clara e escura.

No passado fim-de-semana, comecei por lavar primeiro a roupa clara. Finalmente, depois de horas à espera que a máquina acabasse o programa, troquei de imediato a roupa clara pela roupa escura. Tirei toda a roupa clara, e coloquei toda a roupa escura.

Passado outras horas, fui tirar a roupa escura e...voilá, tinha ganho uma nova t-shirt da Caixa Fã, azul marinho. A boa notícia é que, no meio de tantas t-shirts brancas da Caixa Fã, tenho agora uma azul marinho!

Mas a máquina de lavar não ficou por aqui. Ontem enquanto via mais uma série do Vampire Diaries, o bandido do lituano entra no meu quarto com umas cuecas minhas. Ao que parece tinham mais uma vez ficado na máquina de lavar. E acabado por se misturar com a roupa dele (mas, pelo sim pelo não, foram directas para o cesto da roupa suja).



Ontem para o jantar - e espero que para mais umas três ou quatro refeições - resolvi fazer um prato que se costuma fazer lá em casa, para despachar o Bernardo ao almoço. Arroz com atum!

Mas enganem-se aqueles que pensam que é um prato seco, e sem saborão!! Não, este arroz com atum tem o seu segredo.

Primeiro de tudo, coze-se o arroz. Com a mania das poupanças, resolvi só meter metade do pacote de 500 gr. de arroz. Primeiro erro. Resultado, o dobro do tempo a cozer o resto do arroz.
Ao contrário da massa, aqui é impossível não usar o passador, correndo-se o risco de comer papa de arroz com atum.

Cozi o arroz, espalhei-o na travessa, cozi o resto do arroz, esperei mais um bocadinho. Entretanto, fui abrir a lata de atum. Pânico!! Não tem abertura fácil. Não faz mal, há um abre latas na gaveta...

Depois de 10 minutos, desisti. Não arranjei forma, maneira, sentido, de usar aquela ferramenta estranha. Eu sinceramente não percebo a utilidade destes novos aparelhómetros para abrir as latas de conserva. Têm o dobro do peso, são muito maiores, e definitivamente não têm utilidade.

Mas o arroz com atum tinha de ser feito. O que é que eu pensei, na minha maior inocência...vou pedir ao fora da lei do Lituano, ele certamente saberá ajudar. Todo convencido, pegou no tal instrumento...e nada. Então, abriu a gaveta, e sacou de uma faca...(suspense)


...para abrir a lata. E depois de muito custo, lá conseguiu.

Continuei a minha tarefa. Espalhei o atum, por cima do arroz. Uma lata de 500 gr, deu na perfeição para fazer um novo andar na travessa. Escorri o resto do arroz, e espalhei novamente na travessa, fazendo um terceiro piso.

E agora sim, o ingrediente surpresa. Maionese. O que eu não sabia, é que ao espalhar a maionese, o arroz vinha todo atrás...portanto, confesso que tive alguma dificuldade em conseguir cobrir o arroz com a dita maionese.

Finalmente o forno. Para o toque final.

30 min depois, e tinha mais 6 refeições preparadas. Espero eu.

We Don't Have The Kaos In The Garden

Já todos conhecem certamente o meu jardim. O que não sabem é a minha pouca paciência para as florzinhas e plantinhas.
Como também não percebo, e agora cada vez menos, a paciência da minha mãe para andar a arrancar ervinha a ervinha no jardim de lá de casa, durante dias inteiros ao fim-de-semana.

Pois bem, mas as coisas mudam, e como se costuma dizer, "com grandes poderes, vêm também grandes responsabilidades". Não que eu seja poderosa. Mas a verdade é que se chego a casa e vejo um rapaz de rabo para o ar a arrancar plantinhas, e já com 4 sacos do lixo cheios de ervinhas. Tenho a responsabilidade de oferecer a minha ajuda.

E foi isso que fiz numa manhã de sábado. Depois de chegar de um passeio pela cidade. O sol ardia no céu - quer dizer, provavelmente ardia a muitos biliões de quilómetros - e as ervas daninhas e as urtigas chamavam por mim.

Com a ajuda do meu flatmate criminoso, que passo a apresentar - não aquilo não é uma arma, é simplesmente uma vassoura que pedimos emprestada ao vizinho do lado.



Resolvemos ajudar o Daniel, o flatmate inglês. Que nessa manhã se tinha levantado com vontade de jardinar.

Com muito pouca vontade, lá me pus eu de cóqueras e comecei a tentar arrancar as ervas que cobriam o chão do nosso jardim.

O que eu não sabia, é que entre as ervas e o chão, estava uma rede...adivinham para quê?!? Para impedir as ervinhas de crescer. Então, eu que julgava que era só arrancar a plantinha pela raíz, percebi que afinal tinha que fazer o dobro da força, para a ervinha passar pela rede.
Mas o pior não foi a força. O pior foi quando no meio dessas plantas inofensivas estavam também umas horrendas urtigas. E eu não as conhecia tão poderosas. Foi de tal forma que há noite ainda me doíam os dedos!!!

Mas como dizia o Hitler, Arbeit Macht Frei. E conseguimos-nos libertar das ervas "danadinhas"!!

O resultado é este que podem ver.


Portanto, quem estiver a pensar em me vir visitar, já sabe que terá direito a uma churrascada no meu jardim!

Dentro de um filme em inglês


Pela primeira vez em três semanas consegui acordar depois das 8h da manhã...bem, mais precisamente 11h50.

E não foi por falta de luz, porque no meu quarto entravam radiantes raios de sol. Simplesmente, três semanas a acordar às 8h da manhã não sou definitivamente eu.

Enquanto sol brilhava lá fora, eu ia me tentando decidir se devia sair de casa para apanhar uns banhos de sol - não sei se isso é mesmo possível aqui em terras de Sua Majestada, mas não custa tentar ganhar uma corzinha, nem que seja para ficar com as faces rosaditas - só pode ser esse o bronze inglês.

No entanto, a perguicite é uma característica minha, muito vincada. E acabou por me vencer. Até porque depois o sol desapareceu. Aqui em Inglaterra eu já percebi que é mais manhã de soalheiro e tarde de nevoeiro.

Resolvi então retomar a minha maratona de séries televisivas. Mas enquanto descansava na minha cama, ainda de pijama, comecei a ouvir vozes a aproximarem-se. E a ouvir falar no meu nome...
Só tive tempo para pensar..."já não tenho tempo para ficar com um ar apresentável". Por isso limitei-me a levantar e a abrir a porta.

Fora do meu quarto estavam dois polícias, um senhor e o meu flatmate inglês.

Pela minha cabeça passou-me tudo. Excepto de que tinha sido eu a cometer algum crime.

Entretanto lá percebi que tinha sido alguma coisa com o meu flatmate lituano. De facto, ainda não tinha inalado o seu forte perfume esta manhã, ou ouvido o telefone tocar consecutivamente, e nem a música da Beyonce me tinha acordado - se calhar foi por isso que dormi quase até ao meio-dia.

Enquanto os polícias tentavam abrir a porta, o senhor começa-me a perguntar o meu nome. Claro está, antes de dizer o meu nome, perguntei quase sem voz, o que tinha acontecido. Para irem lá a casa, se calhar o rapaz tinha morrido, e precisavam de vir buscar as coisas dele - foi a primeira coisa em que pensei.

Mas o polícia limitou-se a dizer que tinha sido preso e que não podia dizer porquê.

Lá lhe dei os meus dados, disse-lhe o que sabia do rapaz. O inspector perguntou-me até o que é que ele ontem levava vestido. Preferi, claro, não ser muito extensa nas minhas respostas. Sabe-se lá se o soltam e ele se vem vingar em mim?!?

O inspector limitou-se então a dizer que depois me ligariam para eu dar o meu testemunho. E pronto, eu bem que tentei, mas parece que vou mesmo ficar com o meu nome na justiça inglesa.

Passado uns 10 minutos, a polícia subiu de novo ao 1º andar - o quarto do lituano é colado ao meu - e eu gentilmente deixei o polícia entrar no meu quarto para que conseguisse arrombar a porta. Caso contrário, certamente não teria tido espaço para ganhar balanço.

Por lá ficam mais de meia hora, a revistar tudo e mais alguma coisa.

Lá em baixo, o flatmate inglês dava conversa ao inspector. E posso dizer que é um verdadeiro desbocado. Espero que o mesmo não me venha a acontecer a mim.

Apenas uma hora depois de terem chegado, é que a Polícia então resolveu que era hora de deixar as pessoas aproveitar o seu domingo. E confesso que a fome já apertava.
Para trás ficava uma única informação, o lituano havia sido preso.

Roubo? Confusão na noite? Drogas? Assassinato?!

Definitivamente assassinato é o crime que mais me passa pela cabeça. Porque outro motivo viriam a casa do rapaz, arrombariam a porta, com ordem do tribunal, revistariam o quarto, e não poderiam dizer o motivo do rapaz ter sido preso?

Mas algo me diz que isto não fica por aqui.

Para já vou mudar o dinheiro para outra das minhas meias. Não vá o lituano tecê-las.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Lou"f"b(o)ro(ugh)


Não sei se já vos falei da dificuldade que tive em perceber a fonética do nome da cidade para aonde recentemente me mudei - LOUGHBOROUGH.

Um extenso nome, não haja dúvidas.

Pois é, mas esta pequena dúvida tem uma grande história por detrás.

Foi após a entrevista, que me deu o bilhete dourado para Loughborough, que começaram as minhas dúvidas. Eu podia até jurar que o nome que o senhor tanto balbuciava, em nada tinha a ver com aquele que eu dizia desde do início.

Para não passar mais vergonhas - do que aquelas que já passo com a minha requintada pronúncia, resolvi, com a minha amiga Rita, procurar pela Internet algum video ou som que me pudesse desfazer as dúvidas em relação ao real nome de Loughborough.

Depois de muito procurar no Youtube, e de até ficar um pouco assustada, a única pista que consegui é que se lia Lou"f"borough. E mesmo assim, tivemos que fazer rewind umas quantas vezes até conseguirmos chegar a uma conclusão.

Convencida que já sabia tudo, lá me mudei para Lou"f"borough.

Os dias foram passando, e eu evitava dizer à boca cheia o nome da cidade. Fazia-o sempre de forma tímida, mais para dentro do que para fora. Claro, que a emenda era pior que o soneto, porque quanto mais despercebida eu tentava passar, mais me perguntavam para eu repetir, e a alto e bom som.

Ao segundo domingo de vida em Lou"f"borough, pude-me estrear na minha nova equipa de rugby - que em breve também terá direito ao seu espaço por aqui - e finalmente parecia estar no caminho certo, quando me pareceu ouvir um "nickname" para o extenso nome da cidade de Lou"f"borough.

Mais uma vez, quando me perguntaram aonde vivia, continuava a responder a medo, e a cometer barracas atrás de barracas.

Mas, ao (décimo) sétimo dia fez-se luz, quando no facebook, esse mundo dos novos tempos, pude associar o som que ouvia a uma palavra.

Rita, estávamos certas em relação ao Louf...só não sabiamos que mais letras seriam comidas.

Pois é, quando quiserem dizer por onde eu ando, basta dizer - LUFBRA - simples, rápido e evita confusões e vergonhas.

Fica a dica.

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Nightlife in Loughborough

Porque nesta terra não é só passeio e casinha, hoje escrevo-vos uma "postagem" sobre as minhas wild nights aqui na town de Loughborough.

Se na primeira noite que cheguei a Loughborough participei num divertido mas sossegado Quiz no Pub da minha rua, com perguntas de cultura geral inglesa, onde a pontuação da minha equipa (que incluía duas alemãs, dois portugueses, uma espanhola, uma italiana, e dois checos) não foi além dos 13/30.

A minha segunda noite, no santo Domingo de Páscoa, já foi bem mais selvagem! Estava eu em casa, já de pijaminha vestido, quando recebo uma mensagem no facebook, de uma desconhecida. Era uma das minhas colegas estagiárias, que me tinha procurado no facebook para me convidar para ir sair com as gentes do trabalho. Não hesitei, claro está!
Antes de entrar na discoteca (club) passámos por um Pub, porque aqui não entramos às 22h nos sitíos, esperamos para entrar às 23h, quando a noite já está a bombar!

Na rua, o ambiente era estranho, o frio apertava, mas viam-se coelhinhas da páscoa espalhadas pela rua, e sim, "estavam em pêlo"!

Entrámos na disconight, WILD...e eu sem saber para onde me iam levar.

As bebidas era a 1£, isto diz logo tudo do nível do sítio. A música era terrível, para além de dar 30 segundos de amostra e passar à próxima. Mas o pior ainda estava para vir....

A qualidade da fotografia está alterada propositadamente
para não ferir susceptibilidades

As senhoras coelhinhas perderam as caudas!!!
Eu só me pergunto se esta gente no dia a seguir não aumenta a taxa de suicídio de Inglaterra.


Isto foi a minha primeira noite, os meus colegas asseguraram-me que tinha sido o pior sítio onde tinham estado, e que à quinta-feira, na Universidade, é que era bom, porque era a noite de Erasmus e via-se gente normal, de fora da ilha.

Quinta-feira, estava ansiosa para conhecer a verdadeira noite de Loughborough. A criar expectativas desde domingo à noite.
Mas uma vez passamos pelo pub primeiro, e quer me parece que já ali dá para sentir que algo não está bem. Tudo bem que o sol tinha aparecido naquela manhã, mas já era de noite e os ingleses ainda andavam de calções e mini-saias.

Dirigimos-nos então para a Union Student, um nome chique para a associação de estudantes, e se bem me tivesse lembrado de pelo menos uma de todas as associações de estudante que estavam relegadas para um canto nas muitas instituições escolares por onde passei, se calhar tinha impedido a minha entrada naquele sítio.

Entrámos muito animados, pois não tivemos que pagar!! E os nossos risos quase faziam eco, não fosse a música ensurdecedora que dava naquela sala escura, com pouco mais de 10 chineses a um canto. (Deve ser a proporção de chineses em relação a zero pessoas no mundo)

Mas aguentámos, aquele era o melhor sítio, alguma coisa se havia de passar.
E nada mais do que a verdade, passados 10 minutos, entra um grupo de gente, que parecia ter saído de um ginásio. Uns 10 homens musculados, daqueles que decerteza que tomam hormônios, e outras tantas mulheres também elas estranhíssimas.

Não foi cedo nem foi tarde, demos meia volta e fomos embora. Até porque na sexta-feira é suposto começarmos a trabalhar mais cedo do que os outros dias, às 9h30.

Mas à terceira foi de vez, e depois de me queixar quinhentas vezes da música que tinha ouvido tanto na Union como no selvagem WILD, lá fomos ao Ecchos, que à sexta-feira oferece a noite de rock e indie.

Posso dizer que a música era mesmo alternativa ao meus estilo de música, visto que conhecia muito pouca coisa. Mas era muito mas muito audível, e por momentos consegui tirar a barriga de misérias.

Nota também para o facto de toda a gente nessa noite estar consideravelmente vestida!

Resto do Tour




Depois de uns dias de intervalo, regresso ao meu tour, para o tentar acabar. Vamos ver se nada me atrapalha. Seguindo pela rua que nos leva ao centro, numa quinta-feira ou num sábado, temos o mercado. Neste mercado vende-se tudo, desde do edredon cor-de-rosa de cetim, passando pelos bolinhos feitos em casa, até fruta e legumes biológicos.



Como podem ver na fotografia em baixo, eu não sabia, mas os meus primos Hall aqui da ilha têm uma Farmville, e vendem os seus produtos no mercado de Loughborough.



Mais adiante, passo pelo Mcdonalds e fecho os olhos para não cair em tentação. Deus no céu e Mcdonalds na terra, é a minha fé!
Deixo o centro da cidade para trás.


É uma cidade pequenina, mas tem direito a semáforos e autocarros de dois andares. Ainda não percebi bem o trajecto que fazem, uma vez que eu vou ao centro da cidade num pé e volto no outro.
O sol está uma brasa, e os ingleses parecem osgas. Todo o banquinho em que se possam sentar, lá estão eles a apanhar sol. Se puderem ter uma Pint ou um copo de vinho branco na mão tanto melhor (e como eles ficam convencidos quando bebem vinho, devem pensar que deixam de ter aquele ar de campónios com as faces rosaditas).

Subo então ao meu mundo! Onde normalmente perco 30 minutos a 1 hora, cada vez que resolvo entrar no Tesco. Tantas coisas diferentes e boas! É um mega supermercado, que abriu à cerca de um mês, só para me alegrar!

Já com os sacos das compras na mão, saco mais uma vez da máquina fotográfica para mostrar que também aqui há um rio, não é bem o Tejo, nem sequer o Tamisa, e nem sequer sei se tem nome. Mas pelo menos menos por lá passam barcos...Será que tem algum iodo, que no verão me possa vir a dar alguma cor se lá for tomar uns banhos de sol?

terça-feira, 6 de abril de 2010

Tour pela Town

Saímos de casa e temos a certeza que estamos em Inglaterra, o tijolo é rei! Como podem ver, a porta encarnada identifica bem a casa onde recolho depois de um dia de trabalho - claro, que numa foto a cores seria mais fácil de distinguir, mas esta é mais artística.



Perdemos-nos pelo bairro operário inglês, e num silêncio ensurdecedor conseguimos admirar a arquitectura típica inglesa, uma arquitectura não muito complexa, como é possível ver por esta sequência de chaminés interminável.

Damos a volta ao quarteirão, entramos por um corta-mato cimentado, e chegamos ao meu local de trabalho. Language Travel Center, actualmente Apple Languages, anteriormente Language Courses Abroad, e primeiramente Spanish Studio Languages...pois é meus amigos, esta empresa tem história, desde 1991, a vender cursos de línguas por esse mundo fora!!

São dois andares de escritório, onde durante a semana vou rodando várias secretárias, devido ao sistema de rotação de tarefas dos estagiários, o que por um lado é bom porque dá para conhecer toda a gente. Nota, a primeira coisa que o meu boss me disse quando falou comigo pessoalmente foi, "quando fores buscar um chá ou um café, tens de perguntar a toda a gente se também quer".

Andamos um bocadinho, e na mesma rua onde temos um saudoso Subway, com as suas fantásticas sandwiches! Temos também um Sainsburys...que não é o meu supermercado preferido, porque além de ter pior qualidade, também é mais caro que o super fantástico TESCO. Mas como a galeria de imagens é escassa, por aqui fica o seu testemunho. Alerto para o facto, de mais uma vez estarmos perante uma construção de tijolo.

Atravessamos uma rua, e entramos na "baixa" da cidade. Aqui temos comércio porta sim, porta sim. Que é das coisas que mais gosto nesta Inglaterra, muitos poucos centro comerciais!
Certamente não conseguem visualizar, mas do lado direito, um pouco mais à frente temos a PounderLand, ou em português a Loja dos Trezentos. Mas engane-se quem pensa que isso é sinónimo de má qualidade! Porque ali encontramos as melhores marcas, ainda que com instruções em russo, a apenas 1£!!!! Exemplo, um creme para o corpo Johnson....adivinhem só...1£!!! Do lado esquerdo só para registo, as primeiras duas lojas são duas das mais comuns coisas que podemos encontrar em Inglaterra. Primeiro uma loja de apostas...muito joga esta gente! E depois que mais poderia ser senão uma loja de kebabs que para além de pitas shoarmas também vende coxinhas frango frito e está aberta até mais tarde do que uma discoteca?!

Bem por hoje já andámos muito, o resto ficará para amanhã...

Tour pela casa da porta encarnada

"Hi there! How you're doing?"

Hoje, e para quem não me pode expiar no facebook, faço um tour pela minha casa e por esta bela cidade no countryside inglês.


A casa da porta encarnada. A minha janela é a mais pequena por cima da entrada que dá para um comprido túnel que nos leva até ao jardim nas traseiras.


O tempo primaveril inglês ainda não deu para pôr a mesa, as cadeiras e o chapéu de sol...é verdade, há um CHAPÉU DE SOL no jardim...certamente eu é que não sei que serve é para a chuva. Mas estou certa que num dia ou outro, irei conseguir fazer uma churrascada no meu jardim, como tanto gosto, sem ter que andar à procura do fim de semana em que os meus pais vão para o Coimbrão.
Podem também reparar, do vosso lado esquerdo está um caixote do lixo, na verdade são dois. Mas para quem só tem recolha de lixo uma vez por semana, percebe-se bem o porquê de dois monstros daqueles plantados no agradável jardim.

Entramos depois em casa, e saltamos a casa de banho, que mais tarde, quando o experimentar o jacuzzi, também terá o seu lugar de destaque.


Esta é a visão à entrada da sala, um sofá do IKEA, a televisão com com a rede Virgin, com alguns canais interessantes, e muitos indisponíveis. Mas podia ser pior, podia não ter sequer televisão...por isso, dou-me por muito satisfeita. Há um canal que suspeito que seja um canal temático do F.R.I.E.N.D.S, porque quando ligo a televisão, estão sempre a dar os Friends, o que é óptimo, porque nunca me canso. Atrás da porta podem ver um aspirador, que felizmente até agora não precisei de experimentar. O senhorio é um amor, e deixou apenas as escadas alcatifadas!!
Dirigimo-nos agora para as escadas, mas olhamos para atrás e vemos o resto da sala.

O sofá do IKEA, o poster 3d de New York, os cheerios do TESCO a 0,74 £, a chaleira que utilizo várias vezes por dia para fazer o meu tea e ainda um fantástico fogão eléctrico. Eu já sabia que o forno eléctrico era bom, mas o fogão eléctrico é ainda melhor!
Subimos as escadas, e voilá, o meu ninho!

Com o janelão (em comparação com o quarto) que agradavelmente deixa entrar a luz do sol (mesmo com persianas) por volta das simpáticas 7 horas da manhã. Para quem nos últimos 10 anos viveu no rés do chão de um "ságuão", onde há menos luz solar do que no metro do Rato, toda aquela luz quase que me queima os olhos, mas eu gosto.

Do lado direito, não sei se conseguem distinguir, mas no aquecedor está pendurado o meu estendal privativo. A casa, ao contrário do que é obrigatório nas casas alugadas inglesas, não tem máquina de secar roupa, por isso, enquanto não vem o clima tropical do verão, tenho de me contentar com isto, que digo já funciona e bem! O aquecedor está ligado durante o dia, automaticamente, e ontem à tarde pus as minhas meias, cuecas e até umas calças estendidas, e hoje de manhã, já tudo estava seco!

Destaque ainda para o meu kit cama, com o edredon a custar apenas 5,78£, a capa de edredon a 4£, o lençol 2£ e the last, but not the least, a almofada a custar a módica quantia de 1£!

Fantástico!!

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Como se desfazer de 500 gr de carne picada fora do prazo



Uma das razões pelas quais já na pré-história os filhos deixavam a casa dos pais, era para treinar o instinto de sobrevivência.

Ora bem, não que seja a primeira vez que saio de casa, ou sequer que cozinho, mas de qualquer das formas aqui fica a experiência...

Iniciei a minha tarefa doméstica com dois objectivos, o primeiro era livrar-me de 500 gr de carne picada, fora do prazo, que me custou a singela quantia de 2,20£, e o segundo era conseguir fazer render a "carne" para o máximo número de refeições.

O primeiro prato que resolvi fazer, e como andava com desejo de bringelas, foi uma espécie de lasanha, mas com massa fusili, com a tal carne picada e molho de tomate.

Primeiro, comecei por cozer a massa, a intenção era cozer a massa e fazer o refogado ao mesmo tempo, mas como os meios são escassos, tive de dividir o meu projecto em partes.

Comecei então por cozer a massa, coze, não coze, comecei a picar a cebola. Quando já chorava baba e ranho, então resolvi ver se a massa já estava cozida. Dito e feito.

Saltei então para a parte em que tinha de escorrer a massa, olhei para o passador que estava no escorredor e pensei...o trabalho que aquilo me vai dar a lavar, nem pensar! Mas heis que aparece uma alma inglesa caridosa, a oferecer gentilmente o seu passador. Agradeci com um sorriso amarelo a pensar que já tinha mais uma trabalho para fazer, a juntar à imensa obra a que me tinha proposto.

Escorrida a massa, lavada a panela, óleo do inglês para o refogado, começo a parte em que tinha de tratar das beringelas. Por sugestão da minha amiga Sofia Knapic, a beringela deveria ser a primeira coisa a ser cozinhada.

Juntei a beringela ao refogado, e lembro-me que se calhar a polpa de tomate deveria ter ido primeiro ao tacho. Não faz mal, no final acaba tudo misturado. Siga a polpa de tomate para dentro da panela, juntamente com a beringela e a cebola no óleo do inglês.

Começo então a tratar da carne, já sem muito cor, pálida como a carne inglesa que se vê na rua, deito mãos à obra mas para temperar a carne...apenas sal. Não faz mal, mais uma vez penso, no final vai estar misturada com a polpa de tomate, o refogado de cebola e a beringela, por isso algum sabor deverá ter.

Passo então a juntar a carne ao resto da mistura, e começo a pensar senão será carne demais...opto por deitar só uma parte.

À medida que vou mexendo, o cheiro que o refogado deita não é aquele cheiro tradicional de uma carne cozinhada. Começo a fazer contas de cabeça aos dias que deixei a carne no frigorífico...dois dias...o máximo que pode acontecer é ganhar um programa de emagrecimento facilitado.

Estendo então a massa pela travessa, deito depois a "molhenga" da carne com beringela e polpa de tomate e depois novamente um tapete de massa "fusili".

Segue-se o molho branco do Tesco...depois de todo bem distribuído, chego à conclusão que um frasco não é suficiente. Mas o forno já está quente e tenho impressão que há mais gente a querer usar a cozinha. Fico à espera do resultado.

Olho para o balcão, e vejo metade da carne ainda dentro da embalagem. Não é tarde nem é cedo, para o lixo não vai, vamos fazer outro prato.

Desta vez, sem querer perder tempo a cozer a massa, deito a água fervida na chaleira para dentro de uma taça, junto sal e depois a massa, e espero que faça efeito.

Enquanto isso, pico novamente uma cebola, e faço uso do óleo do inglês mais uma vez, para fazer o meu refogado.

Desta vez resolvi juntar pimentos, um legume que aprendi a gostar bastante no passado verão. Junto então pimento picado, ao refogado de cebola, não desta vez tendo primeiro deitado o resto que havia de polpa de tomate para o tacho.

Espero um bocado, vou mexendo o refogado, e então pego no resto da carne e deito para o tacho, continua a parece imensa quantidade de carne e deixo um resto na embalagem.

Enquanto a "misturaça" ganha vida no tacho, vou ver a massa...parece que ainda nem saiu da embalagem. Troco a água e espero mais um bocado.

A paciência esgota-se e deito uma boa parte da massa para dentro do tacho, e penso, isto aqui dentro vai de certeza cozer o resto.

Vou mexendo até achar que está finalmente bom. Desligo o forno eléctrico. E tiro um bocado para o prato, o cheiro é similar ao do outro prato, mas mesmo assim arrisco e..."voilá"!

"Não é por nada, mas estava muito bom!"

Desligo o forno, onde a outra travessa também já tinha cumprido a sua missão. E deixo arrefecer. Mais tarde passo o resto da massa que estava no tacho para um tupperware e faço mesmo com o que estava na travessa e congelador com os três tupperwares.

Proponho um novo objectivo, conseguir que aquele batalhão de comida dê para pelo menos 9 refeições...

Nota: Senão tem experiência suficiente, por favor não tente fazer o mesmo em casa.

No princípio era...


Começando pelo princípio, penso que não haverá muito para contar, senão que a minha vida em Lisboa estava estagnada, e a oportunidade de vir para Loughborough fazer um estágio que me pudesse abrir portas no futuro foi aquela que me pareceu a mais acertada, e não hesitei em dizer sim.

Depois de em 2007 ter terminado o meu erudito curso de Comunicação Social e Cultural, de ter feito dois estágios não remunerados mas muito energéticos, entusiasmantes e cheio de perspectivas futuristas e de ter vivido Londres na expectativa de alguma oportunidade de trabalho, numa altura em que os bancos e as empresas faliam...a minha vida estava centrada em coisa nenhuma.

A vontade de voltar a Londres tinha ficado, e Loughborough, que também começava com um L, e ficava na ilha, pareceu ser a melhor opção, daí ter decidido arriscar.

Pela frente, um estágio de seis meses, em tradução de websites e assistente de marketing, numa cidade pequeno no meio de terras de Sua Majestade, 400 libras e um quarto.