segunda-feira, 26 de abril de 2010

Há London Town, Há ir e voltar


Porque quando me lancei nesta aventura fui obrigada a deixar metade da minha roupa em Lisboa - na Ryanair só permitem uma singela mala de 15 quilos - pedi ao meu amigo Luís para quando fosse ao nosso Portugal, me trouxesse o resto dos meus trapitos.

Mas quando eu refiro metade, posso-vos garantir que era mesmo metade - outros 15 quilos, para ser mais precisa. Porque depois de muitos telefonemas, e de pensar e repensar no que podia deixar para trás, acabei por conseguir juntar cerca de 15 quilos, entre roupas e sapatos.

Marquei então a minha viagem para Londres para o fim-de-semana de 24-25 de Abri - 5 libretas de autocarro, ida e volta.
Mas entretanto, o vulcão islandês resolveu entrar em cena, e à medida que os dias iam passando a viagem do Luís ia sendo adiada. Faltava uma semana para eu regressar à minha Londres e o vulcão não parava de cuspir cinzas!!

Até que, finalmente o sol pôde brilhar, e a viagem do Luís para Londres ficava marcada para sexta-feira, dia 23. Precisamente o dia em que eu também chegaria à capital inglesa, com a diferença de que eu chegaria uma hora mais cedo.

Por isso, mesmo conseguindo distinguir bem os rastos dos aviões no céu, preferi, ainda assim, na sexta-feira, à hora de almoço, confirmar que o voo não iria ser cancelado - não fosse eu correr o risco de ficar a dormir debaixo da London Bridge.

Quando liguei ao Luís e ele me mostrou um saco que dizia ser um edredon - e que na realidade era a minha roupa dentro de um saco daqueles que se tira o ar com um aspirador - comecei a perceber que a viagem das minhas vestes não iria ser pacífica.

Assim, quando sai de casa para mais uma tarde de árduo trabalho, levei logo tudo o que precisava para a minha estadia em Londres, não muita coisa, visto que iria receber de presente 15 quilos de roupa.

A tarde demorou a passar, interrompida pelo meio com mais uma festa de despedida - tem sido todas as semanas, basta um estagiário ir à sua vidinha, e temos bolinhos para o lanche - e no final da jornada, ainda tive tempo de ir a um pub para mais uma "festa de despedida". Ir a um pub como quem, meia hora ou pouco mais, foi o tempo que estive lá dentro.

Tinha de estar 10 minutos antes na paragem de autocarro. Mas por tanto fixar a hora sem os 10 minutos, acabei por ir 20 minutos antes da hora exacta.

Pelo meio, telefonemas do Luís, a dizer que tinha de pagar mais 120 euros a mais pelo excesso de peso, e a perguntar o que é que eu queria deixar para trás.

Decisão difícil.

O meu telemóvel, não sei porquê, estava quase sem som no altifalante, então pouco conseguia ouvir do que o Luís dizia. Acabei por dizer que podia deixar para trás os ténis, uns sapatos, e o meu lendário casaco de cabedal castanho - pois é, temos de fazer opções na vida, é difícil mas tem de ser.

No entanto, ainda antes de entrar no autocarro, mando uma mensagem ao Luís a dizer para ele tentar passar com os ténis, os sapatos e o casaquinho, como bagagem de mão. Ao que ele me liga e diz que isso foi o que ele pôs na mala dele. Porque o outro monstrengo, dentro do saco de vácuo, simplesmente era muito pesado. Pânico!! Toda a minha roupa, que eu tanto precisava, ia afinal ficar em terra. Pedi, mais uma vez, ao Luís que tentasse passar com o trambolho como bagagem de mão. Mas ele não ficou muito convencido.

Entretanto, atrasado, lá chega o autocarro, quando olho à minha volta percebo que sou a única que não estou bronzeada e que não estive a cozinhar caril à hora do almoço.

Paciência, 5 libras, são 5 libras.

Até Londres, o autocarro fazia mais uma paragem. A meio do trajecto, o Luís liga-me a dizer que tinha passado. A mãe dele tinha insistido - bendita sejais senhora - e ele tinha acabado por tentar, e sem grandes entraves tinha conseguido. Em Leicester, que vim depois a saber que um 1/3 da sua população é asiática. Mais cheirinho a caril. Felizmente, adormeci rapidamente.

Chegada a Londres, fui conhecer as maravilhas da cozinha londrina. E num canto, refundido, na estação de Victoria, estava um pitoresco restaurante, com os empregados vestidos de castanho. Não pensei duas vezes. Ainda um bocado indecisa, resolvi escolher um menu, já nem me lembro bem do nome, Big qualquer coisa. Pedi molho salsa para as batatas mas não tinham, fiquei me pelo ketchup. O menu vinha também com coca-cola.

Já com a bucha no estômago, sigo para Kingston. Dois autocarros, 40 minutos não mais. Resultado, chego primeiro que o Luís. Na rua, inglesas descalças, com pouca roupa. Para não variar.

Uma voltinha aqui, outra voltinha ali...e pensei para mim, se calhar é melhor ir ajudar o Luís com as malas. E em vez de esperar aonde tinhamos combinado, acabei por ir espera-lo à paragem do autocarro que ele supostamente iria apanhar. Claro que estas coisas dão sempre mau resultado, e quando recebi um telefonema do Luís já ele estava em casa, e tinha conseguido carregar o telemóvel para perguntar aonde eu estava. Mais uma caminhada.

Finalmente em casa. A minha roupa, que felicidade! Não é possível descrever!! Oba Oba! A minha roupinha de verão, roupa do rugby, uma camisinha branca nova, até fiquei contente com o cêgripe!

No dia seguinte, uma voltinha por Kingston, deu para ver a Zara...e para me apaixonar por dez mil coisas, para ver a Gap, e desejar ganhar o euromilhões, and so on...

Fui depois tentar o impossível. Ganhar uma corzinha. Eu bem que me estendi no relvado de um dos muitos jardins. Rodeada por fantasminhas ingleses. Mas duas horas depois, parecia que o sol inglês ainda me tinha sugado mais a cor.

O dia passou sem mais sobressaltos.

No dia seguinte, 6h da manhã e já eu estava pé. Tinha um jogo de rugby em Loughborough às 2h. Ainda por cima era dia da Maratona de Londres, por isso mais valia não arriscar. Para variar, cheguei mais cedo do que o previsto. E fui novamente ao restaurante pitoresco. Mas de manhã só servem pequenos-almoços, e então resolvi experimentar um tradicional. Pão, salsicha (em forma de hamburguer), ovo estrelado e queijo. Dá para acreditar? Ao pequeno-almoço. Mas enfim, aquele restaurante pitoresco nunca me desilude.

E lá me pus eu a caminho. Desta vez com o autocarro meio vazio. Finalmente cheguei a Lufbra...meti a caminho para o campo para saber depois de 20 minutos à espera que não havia jogo.

Enfim, bastante cansativo, mas por fim, consegui o que queria, 15 quilos de vestes que dificilmente cabem todas na arrumação que tenho no meu pequeno quarto...

Nenhum comentário: